MESTRE MANO
Floreio ou firula?
A capoeira angola traz no seu gestual uma gama significativa de movimentos floreados.
Movimentos floreados são aqueles que exprimem não só a beleza como a eficiência, são movimentos ligados e não isolados, que antecedem ou precedem outros com o intuito de aparentar fragilidade quando o objetivo é dar o bote e pegar o adversário de “bobeira”.
A firula é tudo aquilo que imita o floreio, onde o movimento se perde na fluidez da inconseqüência, o que torna o jogador insensato.
O que parece belo e inteligente não passa de um emaranhado de flexibilizações sem objetivo e sem coerência, são movimentos executados sem malícia e sem objetividade, agredindo a inteligência do oponente, deturpando os princípios básicos da Capoeira Angola e cuspindo na sua grandeza, são movimentos que caracterizam os seguidores de vídeos, professores sem mestres, os pseudo-angoleiros.
Tem capoeirista todo o tempo fazendo firula e se autodenominando angoleiro e a coisa é tão freqüente que o angoleiro raiz que não usa das mesmas é taxado de violento.
O floreio é plástico e inteligente já a firula é plástica e bitolada, lançar mão da firula é o mesmo que jogar capoeira sozinho, consigo mesmo.
O floreio suaviza o combate, embeleza o jogo e possibilita o logro, confundindo assim o adversário. Usar de floreios é embelezar o caminho da capoeira Angola, é aproveitar cada momento e dele tirar o melhor proveito, é chegar incólume ao final.
O floreio não deve imperar no jogo da Capoeira Angola, ele deve permear o logro, e o intuito - É o elo que une o preparo à conclusão, é a chave que abre a porta da objetividade e que transforma a sílaba na palavra .
Floreio não é firula, camarada!
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